sábado, 12 de fevereiro de 2011

critícas:Sweeney Todd - O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet


        Imagine ir a uma barbearia e ser morto com uma navalha e seu corpo virar recheio de torta saboreada por toda Londres. Difícil de digerir? Pois esta é a história de Sweeney Todd: o Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet,musical de 2007 dirigido por Tim Burton em mais uma parceria com Johnny Depp. O ator interpreta o barbeiro Benjamim Barker que retorna à cidade de Londres após ter sido expulso com uma mentira arquitetada pelo juiz da cidade; que, na verdade, queria ficar com a esposa e também com a filha do barbeiro. 
        O clima tenso e os cantos nem sempre afinados dos atores principais marcam o terror explícito nesta história cercada de assassinatos. Dividindo a cena com Depp, Helena Bonham Carter é a cozinheira Lovett, vendedora de tortas pouco atraentes que ajuda o barbeiro no seu plano demoníaco. Helena é esposa do diretor Tim Burton. Seu rosto me veio à memória quando consultei minha “DVDteca” e constatei que Depp, Burton e Helena tinham mais em comum do que eu imaginava. Os três estiveram juntos em Fantástica Fábrica de Chocolate (2005), Noiva-Cadáver (2005) e Alice no País das Maravilhas (2010). Confesso não achar Bonham Carter a melhor das atrizes, e o fato de ela ser vista mais em filmes de marido do que de outros diretores, sempre me deixou um tanto encucada. Porém, sua atuação neste musical foi mais coerente e acertada. O que se percebe no filme é que, claramente, o casal não canta profissionalmente. Entretanto, por conta da sempre ótima atuação de Depp, ele e Helena formaram um perfeito casal sinistro, em sintonia com as aspirações de vida do protagonista.
        A maquiagem, o cenário londrino do século XIX e as cores utilizadas (ou ausência delas) – principalmente o cinza, preto e o vermelho, para as cenas onde a navalha se faz presente – formam um conjunto em total sintonia com o clima pesado e de suspense sustentado pelo desejo de vingança que o barbeiro nada convencional carrega. Nisto, a direção de arte, premiada no Oscar de 2008, é muito bem acertada e os espectadores parecem fazer parte do contexto da história. É assim que Benjamim Barker enxerga a cidade após anos longe das pessoas que ama: uma Londres sombria, escura e sem felicidade.
        Johnny Depp tem uma longa parceria com Tim Burton, um dos grandes diretores atuais. Começou ainda em Edward Mãos de Tesoura, depois em Ed Wood (1994), A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999), A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005), A Noiva-Cadáver (2005), Alice no País das Maravilhas (2010) e Sweeney Todd: o Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet. Depp conseguiu, nesta película musical, apresentar as diversas personalidades do seu personagem, que se mostra duvidoso no início e depois se transforma em uma figura maquiavélica, guardando ódio de muitas pessoas, e amor e saudade da esposa e da filha.
        Para os fãs de musicais como Dançando na chuva (clássico dos clássicos), Fantasma da Ópera (2004), Chicago (2002) e Hairspray (2007), o terror de Sweeney Todd é uma ótima pedida, mas, sem cenas de dança ou qualquer coreografia. Simples frases de um diálogo, expressão de sentimentos ou explicação de algum fato são totalmente cantadas e declamadas. Além do ouvido, os espectadores terão de ter estômago para acompanhar a navalha afiada do barbeiro e os litros e mais litros de sangue jorrando dos pescoços dos seus afortunados clientes.
        Sweeney Todd tem um enredo simples e a escolha em mantê-lo como musical foi uma perfeita junção, sem modificar a ideia original de Stephen Sondheim e Hugh Wheeler da peça apresentada na Broadway. Burton foi competente mais uma vez primando por uma direção detalhista, nos fazendo sentir como se estivéssemos presentes em uma apresentação na teatral. No geral, as atuações são boas, a cantoria mediana e o desfecho original e surpreendente, mas, incompleto.
        Talvez, você possa se perguntar ao final do filme se, apresentado sem boa parte das músicas, apenas com os diálogos, ele seria melhor. Acho que não. Porque em Sweeney Todd, todo cuidado não é um mero detalhe.

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